por Célia Regina da Silva e Rogério Beier
Recentemente, como parte de uma “experiência antropológica”, entrei em um grupo de discussão política em uma rede social. O grupo diz preconizar a discussão de ideias, não de pessoas, entretanto, quando se começa a participar das discussões o que se vê é justamente o contrário.
Bastou fazer alguns comentários e como primeiras respostas logo vieram simpatizantes do deputado Jair Messias Bolsonaro insultando-me de gordo, reparando na minha camiseta comunista, chamando-me de merda, escroto, comedor de hamburguer do McDonnalds, dentre outros qualificativos, como se pode ver abaixo:
Este último comentário veio em resposta a uma imagem que faz comparativo entre as ideias do historiador Eric Hobsbawm e o economista Ludwig von Mises.
Não satisfeitos em responderem o post que eu havia compartilhado no grupo criticando minha aparência, partiram para ataques homofóbicos, como se percebe no comentário deste militante do Bosonaro para quem eu sou socialista por ele achar que eu gosto de sexo anal:
Claro que depois das primeiras ofensas, passei a responder àqueles que me atacavam. Não baixei tanto o nível, como alguns que ofenderam minha mãe, sugerindo que ela estivesse fazendo sexo oral com eles, mas tentava fazê-los ver o quanto são imbecis.
Entretanto, o pior ainda estava por vir. Célia Regina da Silva, outra participante do grupo começou a fazer posts provocativos que defendiam ideais da esquerda. Desde o primeiro post ela foi insultada e humilhada diversas vezes. Vou postar aqui apenas os comentários raivosos de um dos posts mais comentados que ela fez, só para que vocês tenham ideia da quantidade de preconceitos (de todos os tipos) e ódio que circula nas redes sociais.
O “post bomba” foi este:
Logo de princípio, gratuitamente, ela teve respostas como estas:
Para um dos integrantes do grupo, esquerdistas como a Célia, além de serem pobres de espírito e de caráter, não são seres humanos de verdade, como se vê no comentário abaixo:
Já para outro membro, que foi atrás do perfil de Célia e viu que ela é professora, a desonestidade faz parte do caráter dela. Para chegar a esta conclusão, bastou o post e umas respostas que ela deu àqueles que a atacavam.
Outro membro do grupo, após observar alguns erros cometidos por Célia durante a digitação de suas respostas, não a poupou de críticas, taxando-a de analfabeta funcional:
Já outro integrante, um dos principais agressores de Célia, aponta que os posts dela se devem a pagamentos que ela supostamente estaria recebendo do PT ou do governo, não poupando-a de comentários depreciativos, inclusive utilizando-se de calão, como se pode ver abaixo:
Outro agressor contumaz de Célia, um senhor mais idoso, mesmo sem conhecê-la ou sequer haver conversado com ela, diz ter segurança de que Célia era má professora, analfabeta política, idiota útil, imbecil e canalha.
Este último comentário, pasmem, ele fez após Célia ter chamado atenção para o fato de a Revolução Francesa ser uma Revolução Burguesa.
Por seu lado, o militante do Bolsonaro para quem eu sou socialista porque supostamente gosto de sexo anal, não deixou por menos. Quando contestado no grupo por outros participantes, também partiu para a agressão pessoal:
No entanto, muito surpreendeu uma integrante feminina do grupo, estudante de medicina e de quem se esperava um pouco mais de sororidade para com Célia. Ao contrário disso, manteve a sequência de ofensas chamando-a de Doente e Louca em razão do post que ela havia compartilhado, além de algumas respostas que Célia havia dado a seus detratores. Detalhe: ela agiu de modo covarde, destilando seu veneno apenas após ter recebido notícia de seus colegas assegurando que Célia havia deixado o grupo.
Todavia, alertada por mim, Célia retornou ao grupo e chamou a atenção da dita estudante de medicina por ter feito os comentários naquela condição. Não satisfeita com as agressões iniciais, a estudante volta ao ataque e responde Célia chamando-a de louca.
Não bastasse ataques como estes, alguns integrantes do grupo passaram a utilizar fotos de Célia para ofender sua aparência, sem economizar nos palavrões e nos insultos até mesmo à já falecida mãe de Célia, como se pode ver abaixo:
Teve até um oficial da Polícia Militar que fez os seguintes comentários:
(Vaca Profana)
Não satisfeitos, esses mesmos indivíduos que a atacaram, insultaram e humilharam uma pessoa em quase 300 comentários, tentaram covardemente reverter a situação buscando fazer de Célia, vítima dos ataques, a culpada de todas as agressões que sofreu. Vejam, por exemplo, os comentários abaixo:
A estudante de medicina não parou com os insultos e manteve sua sanha ofensiva, chegando a mandar Célia se foder.
E os homens que vieram após os insultos proferidos pela dita estudante, sentiram-se à vontade para recomendar que Célia resolvesse “seu problema” arranjando um namorado.
Eis aqui, caros companheiros, um flagrante preocupante de inúmeros preconceitos e do ódio que encontramos em algumas pessoas que alegam defender os ideais conservadores e de direita. Em seus perfis, muitos ostentam orgulhosamente bandeiras do Brasil, além, é claro, de imagens de Jair Bolsonaro, textos de Olavo de Carvalho, Rodrigo Constantino e Reinaldo Azevedo, dentre outros “ícones” responsáveis por formar a opinião de indivíduos como estes que acabam de ser descritos aqui.
ATUALIZAÇÃO
Após termos comunicado aos membros do grupo a publicação deste post com o registro de seus ataques, muitos deles ficaram ainda mais raivosos e continuaram insultando, sobretudo, a Célia. Abaixo seguem os registros dos novos xingamentos:
Fizeram uns poucos ataques a mim, como se vê abaixo:
Mas a maioria dos insultos foram novamente dirigidos à Célia.
Para esse membro do grupo, além de esquizofrênica, Célia é vitimista por ter exposto os ataques que sofreu no grupo.
Houve quem se revoltasse com o post e buscou nas discussões respostas de Célia que pudessem justificar a fúria com que eles a haviam atacado. Esquecem-se que durante quatro dias Célia vinha sofrendo agressões em diferentes posts e tudo o que ela fez havia sido revidar os ataques desferidos contra ela.
De qualquer modo, não satisfeitos com os ataques iniciais, continuaram agredindo Célia com ofensas como porca, gorda e outros nomes, como se vê abaixo.
Depois de toda essa agressão, houve um membro do grupo que até quis fazer uma análise psicológica de Célia, tentando compreender a razão de ela haver respondido os ataques que sofreu.
Como desfecho final, houve um membro do grupo que, no meio de tanto ódio desferido contra Célia, aproveitou para fazer postagens anti-semitas. O nome desse eu não borrei, pois entendo que deve ser identificado e denunciado, ainda que acredite que o perfil seja falso.
Eu já tive EXATAMENTE o mesmo problema – em blogs de ESQUERDA.
E eu acredito. Mas eu acho que algumas pessoas fazem por uma forma de diversão (não a minha), mas que falta bom senso para todos os lados, falta.
Que estomago heim?
Após terem sido comunicados no grupo que eu e Célia havíamos escrito um texto e publicado neste blog, logo vieram nova onda de insultos. Os mesmos estão sendo printados e também serão expostos em próximo post.
Não perco tempo de debater com essa gente,professor Rogério. Não por serem de direita,porque até um direitista que se preze não comuna com essa gente reacionária.
O humorista Paulo Gustavo em seu personagem Senhora do Absurdo ,onde a personagem dizia que o governo aumento muito o salário mínimo,e as pessoas podem agora comer em restaurantes finos .
O grande medo da classe dominante é um dia está em pé de igualdade com a classe trabalhadora e já estamos ouvindo esse barulho. Basta ver o sucesso das políticas de distribuição de renda e as ações afirmativas.
Se problema for este,então estamos no caminho certo.
Republicou isso em O Retiro do Sossegoe comentado:
Quem tiver estômago para ler estes debates de (ideias) tão esclarecedores do que são os defensores dos ideais do capital. Mas não é necessário ir ao Brail para ler iguais comentários. Aqui mesmo em Portugal, os debates de (ideias) nos blogues de certos grupos e pessoas é esse mesmo.
Minha experiência diz que os piores debatedores estão na Esquerda: sempre acham que têm razão e nunca conseguem dar bons exemplos de sucesso. E normalmente vivem à custa do Estado.
Acho que você está contradizendo seu ponto aqui, Donaldo.
Att.
RB
Esse tipo de preconceito e ódio é próprio do capitalismo.