Manifestação pró-Pinheirinho na Catedral da Sé

No aniversário de 458 anos da cidade de São Paulo, fiz parte de um grupo de manifestantes que se organizou para realizar um ato em solidariedade aos moradores do bairro do Pinheirinho, em São José dos Campos. O ato começou as 08h30 da manhã, em frente a Praça da Sé e se prolongou até o meio da tarde, onde foi encerrado na região conhecida como Cracolândia, nas proximidades da Luz.

A concentração se iniciou logo pela manhã, em frente a Catedral da Sé, onde o prefeito Gilberto Kassab e outras autoridades (os pré-candidatos à prefeitura de São Paulo, Andrea Matarazzo e Gabriel Chalitta, dentre estes) estariam assistindo à missa de comemoração do aniversário da cidade de São Paulo. Infelizmente  a autoridade mais esperada, o governador Geraldo Alckmin, desistiu de assistir à missa e se dirigiu direto á prefeitura, onde participaria de cerimônias referentes à celebração do aniversário da cidade.

Estimo que aproximadamente mil pessoas se concentravam diante das escadarias da igreja, quando foi decidido que antes do prefeito sair, deveríamos dar um abraço na Catedral com o objetivo de evitar que Kassab saísse por uma das portas laterais ou dos fundos sem que pudéssemos dar a nossa mensagem de repúdio à política de higienização que ele vem tocando no centro da cidade, com a brutal repressão aos usuários de crack da região da Cracolândia. O abraço foi dado como planejado e o grupo ficou à espera da saída do prefeito.

Clima de tensão no ar e uma primeira tentativa do prefeito sair pelos fundos da igreja foi logo abortada, quando manifestantes começaram a gritar e hostilizá-lo, fechando o caminho por onde ele passaria. Minutos depois, um carro oficial foi colocado próximo à saída dos fundos da igreja. Policiais Militares, Guarda Civil Metropolitana e muitos seguranças pessoais tentaram fazer um cordão de isolamento para que o prefeito voltasse a sair da catedral. Debaixo de muitas vaias, gritos de assassino e outros insultos, Kassab foi saindo rapidamente, até que foi surpreendido com ovos que iam sendo atirados pelos manifestantes em sua direção. Apressou o passo e alguns manifestantes mais exaltados tentavam se aproximar, entrando em confronto com os policiais e seguranças. Assim que o prefeito entrou no carro, a polícia usou sprays de pimenta e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.

O vídeo abaixo dá uma boa ideia da descrição que acabo de fazer.

Após a saída do prefeito, o grupo voltou a se concentrar em frente a Igreja e, alguns minutos depois, partiu em uma marcha em direção a sede da Prefeitura, passando diante do Páteo do Colégio, marco de fundação da cidade.

A marcha ia avançando pelo centro da cidade e cantávamos algumas canções de protesto, bradávamos palavras de ordem e exibíamos nossos cartazes e bandeiras à todos até chegarmos à prefeitura, onde voltamos a nos concentrar. Ali, prefeito, governador e presidenta da república estavam reunidos, junto com outros convidados de honra, como Fernando Henrique Cardoso, para diversas cerimônias de comemoração do aniversário da cidade e premiação dessas autoridades. Havia um cordão de isolamento e muitos policiais militares protegendo a entrada do edifício. Do lado de fora nos manifestávamos com nossas bandeiras e cartazes. No carro de som várias pessoas se inscreviam para falar e a todo momento davam sua solidariedade aos moradores de Pinheirinho e criticavam a política de apoio a especuladores e violência policial, tanto do Estado de São Paulo, quanto do município. Denúncias, informes e muito barulho para incomodar nossos governantes e também nos fazer notar.

Passadas algumas horas de manifestação, nova marcha pelo centro da cidade, agora saindo da sede da prefeitura e caminhando em direção à região da Cracolândia, na Luz. Esta parte final da manifestação era em apoio às pessoas que foram violentamente retiradas daquela região, como parte de uma política totalmente equivocada da prefeitura de São Paulo que entende que a melhor maneira de tratar os viciados em crack é através do uso da polícia e não de um programa de saúde pública.

Debaixo do sol, a caminhada foi longa e conforme andávamos recebíamos o apoio das pessoas nas ruas e, também, de muitos moradores de prédios que saíam às janelas e acenavam para a marcha. Na famosa esquina da Av. Ipiranga com a São João, fomos saudados por diversos moradores que ocupam prédios abandonados naquela região e que, como podemos imaginar, brevemente também serão vítimas da violência policial nas ações de reintegração de posse que não tardaram a ocorrer. Chegando à Rua Helvétia, famosa por concentrar os viciados em crack, a marcha se deteve e depois de mais alguns discursos, a manifestação foi dada como encerrada.

De maneira geral, entendo que a manifestação foi bem sucedida uma vez que conseguiu chamar a atenção da grande mídia e mostrar com bastante firmeza que parte da população não concorda com a maneira como governo do Estado e do Município tem se posicionado diante de diferentes casos: USP, Cracolândia e Pinheirinho.

Eu, pessoalmente, fiquei bastante feliz de poder participar e manifestar meu total apoio ao Pinheirinho e demais causas. Mais feliz ainda em exibir me cartaz de repúdio ao governo do PSDB que, durante os quase 20 anos em que estão no poder, transformou São Paulo em um verdadeiro Estado do Tucanistão.

FOTOS TIRADAS DURANTE A MANIFESTAÇÃO:

Abaixo algumas fotos tiradas pelo autor do blog e seu amigo durante a manifestação:

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