Para professora da USP, a Bolívia é “insignificante” em todas as perspectivas.

Nessa última quinta-feira (29), a professora de direito internacional da USP, Maristela Basso, ao comentar notícia sobre o episódio da fuga do senador boliviano, Roger Pinto Molina, para a embaixada do Brasil em La Paz, criando uma crise diplomática nas relações entre Brasil e Bolívia, afirmou que:

“(…) a Bolívia é insignificante em todas as perspectivas, é um país, sim, que tem uma fronteira enorme com o Brasil, dos nossos vizinhos o que tem a maior fronteira terrestre, mas nós não temos nenhuma relação estratégica com a Bolívia, nós não temos nenhum interesse comercial com a Bolívia, os brasileiros não querem ir para a Bolívia, os bolivianos que vêm de lá, vêm tentar uma vida melhor aqui, não contribuem com o desenvolvimento tecnológico, cultural, social e desenvolvimentista do Brasil. Então, a Bolívia é um assunto menor! (…)”

Abaixo segue trecho do Jornal da Cultura no qual a professora Maristela Basso faz o comentário.

Depois de certa incredulidade ao ser informado de que a professora teria proferido tal comentário em rede nacional, fui verificar a edição do telejornal e, ainda embasbacado, não pude deixar de questionar como poderia ser que, uma pessoa na posição de Maristela Basso, tenha um pensamento tão equivocado em relação a um país extremamente estratégico para o Brasil no cenário regional – quer no presente, quer projetando para o futuro – como a Bolívia. Foi inevitável não indagar-me sobre como uma pessoa com pensamento tão medíocre poderia estar ocupando a cadeira de Direito Internacional de uma das mais renomadas universidades do país, a Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo e da manutenção de tal pessoa no cargo após tamanho disparate.

Embora a professora não tenha levado em consideração, atualmente a Bolívia é um dos principais fornecedores de gás natural para o Brasil, segundo uma apuração simples que pode ser feito na própria Internet, verifica-se que aproximadamente três quartos de todo o gás natural consumido pelas indústrias de São Paulo são provenientes da Bolívia. Na relação comercial estabelecida entre os países – que inclusive gerou uma polêmica quando Lula sentou com Evo Morales para rever os valores dos contratos – o gás chega ao Brasil através de um gasoduto de mais de 3000 quilômetros interligando a Bolívia (Rio Grande) ao Brasil, entrando no país através de Corumbá, passando por cidades como Campo Grande (MS), Três Lagoas (MS), Campinas (SP), São Paulo (SP), Curitiba (PR), Florianópolis (SC)  até chegar ao seu destino final, Porto Alegre (RS), sendo fundamental para todo o parque industrial da região sul-sudeste do país.

Abaixo segue mapa com o gasoduto Bolívia Brasil.

Gasoduto Bolivia Brasil

Gasoduto Bolívia-Brasil. Fonte: Maria de Fátima Salles Abreu Passos para a Revista Economia e Energia. Ano II, n. 10, 1998.

Ora, se eliminássemos o teor xenofóbico das declarações de Basso, o simples fato dela ter desconsiderado que atualmente a Bolívia é um parceiro comercial mais do que estratégico no fornecimento energético do Brasil, já seria uma declaração polêmica por revelar uma ignorância incompatível com a posição ocupada pela professora de Direito Internacional.

Se considerarmos a relação Brasil-Bolívia em uma projeção futura, a mesma segue sendo de fundamental importância estratégica na área do fornecimento energético, pela simples fato de a Bolívia ser a detentora da maior reserva mundial de Lítio, tal como já observado em post publicado neste blog: O lítio na América do Sul e o eixo da geopolítica energética mundial.

Reservas de lítio no mundo e a posição estratégica da Bolívia no setor.

Depois de ter passado muitos anos “amargando” com baixa demanda mundial, a situação do lítio mudou completamente quando cientistas descobriram sua enorme capacidade de armazenar energia elétrica. Logo passou a ser utilizado como matéria prima na produção de baterias de longa duração em aparelhos eletrônicos como celulares e notebooks e, posteriormente, verificou-se que sua capacidade de armazenamento era tão grande que o lítio acabou transformando os automóveis movidos à baterias elétricas na grande opção ecológica e sustentável em substituição aos veículos movidos à base de petróleo.

O fato do lítio ser um mineral que se concentra em região de salares, faz com que países como Bolívia (Uyuni), Chile (Atacama) e Argentina (Hombre Muerto) estejam situados entre os maiores detentores mundiais de reservas deste recurso. Se considerarmos somente a Bolívia, onde está localizado o Salar de Uyuni, veremos que aproximadamente 29% de toda a reserva mundial de lítio está concentrado nesta região, segundo tabela da United States Geological SurveySaindo da escala nacional para olhar os números continentais, as reservas sul americanas são mais expressivas e atingem um montante de 20,6 milhões de toneladas, ou 62,6% do total. Tais dados revelam, diferentemente do asseverado pela professora Basso, que a Bolívia se trata de um país com o qual o Brasil deve manter uma relação estreita nas próximas décadas, em função de uma estratégia da nova geopolítica energética que se formula com a substituição do petróleo por novas fontes de energia.

Aos que ficaram interessados em obter maiores informações sobre o papel do lítio na geopolítica energética mundial, recomendo a leitura do post em que trato sobre o assunto.

Por fim, há ainda o teor racista e xenofóbico empregado pela professora Maristela Bassos em sua declaração. A comunidade boliviana residente em São Paulo reagiu imediatamente às declarações divulgadas no Jornal da Cultura e, segundo matéria do portal R7, a comunidade “recebeu de forma indignada as declarações de Maristela Basso. Carmelo Muñoz Cardoso, presidente da ADRB (Associação de Residentes Bolivianos), que existe desde 1969, encaminhou pedido de direito de resposta à TV Cultura”.

Segundo a declaração de Carmelo Muñoz Cardoso:

“As declarações proferidas têm um alto grau ofensivo a toda comunidade boliviana. A afirmação de que a Bolívia é insignificante demonstra notório racismo, total xenofobia, absoluto preconceito e desrespeito pelo nosso país. Além das medidas legais, requeremos à TV Cultura o direito de resposta”.

Ao ver as declarações da professora, não há como negar o teor xenofóbico embutido no infeliz comentário. Ao proferi-lo, Basso parecia reproduzir comentários de alguns setores nacionalistas europeus ao se posicionarem a respeito dos imigrantes africanos em seus países. A relação de seu comentário com a posição de uma direita nacionalista racista e xenófoba é quase inescapável, ainda mais em um momento quando também circula imagens e campanhas em outros cantos do mundo como a reproduzida abaixo, feita pelo Partido do Povo da Suíça (SVP), à respeito dos imigrantes que vivem naquele país.

Fotos utilizadas pela campanha do partido SVP (Suíça) tentando mostrar um contraste entre “duas Suíças”. Fonte: Opera Mundi

Concluo o post, uma vez mais, estarrecido com a ignorância, o racismo e a xenofobia demonstrado pela professora em seu comentário. Incompatíveis com a posição da professora na cadeira de Direito Internacional da Faculdade de Direito da USP, entendo que os mesmos mereciam até um comunicado formal da Faculdade pedindo esclarecimentos da professora.

Declaro meu total repúdio às declarações de Maristela Basso e faço coro à comunidade boliviana que exige direito de resposta da TV Cultura e, mais do que isso, um pedido formal de desculpas da professora pelo comentário infeliz proferido nesta última quinta-feira.

16 Comentários

Arquivado em Política, Preconceito, Racismo, TV

16 Respostas para “Para professora da USP, a Bolívia é “insignificante” em todas as perspectivas.

  1. Anônimo

    FYI: A referida professora perdeu o concurso de titularidade na casa e, não aceitando o resultado, decidiu anulá-lo judicialmente.

    Notas sobre o concurso para professor Titular do Departamento de Direito Internacional e Comparado da USP, por César Yip e Maybi Mota

  2. Eva Santos

    Não me surpreende, já havia visto no mesmo programa, em outras reportagens comentários preconceituosos proferidos pela mesma professora, inclusive, algumas vezes, reforçando opiniões preconceituosas e equivocadas ditas pela apresentadora, que ao meu ver é outra reacionária.

  3. Me pareceu indelicado, por parte da entrevistada, que não pode alegar ignorância sobre a questão. A Bolívia é um “parceiro” instável demais para o meu gosto, Evo me parece simplista ao extremo e defende ideias ruins e como peça estratégica não é, exatamente, indispensável como vejo. Mas concordo, há coisas e momentos que devemos apenas dizer o oluluante obvio.

  4. Gustavo

    Observação: Três Lagoas é um município do Mato Grosso do Sul e não do estado de São Paulo como consta no texto.

  5. Leandro Mendes

    Legal, e os brasileiros que sofrem com a xenofobia no Paraguai (onde estão sob a constante ameaça de terem terras tomadas por grupos radicais), na própria Bolívia (onde funcionários da Petrobras deixaram refinarias sob a mira de fuzis dos soldados bolivianos). A atitude da Professora Maristela Basso pode parecer xenofóbica, porém é apenas reflexo das humilhações que são impostas ao povo brasileiro pelos “aliados” bolivarianos, existem pessoas que não concordam com a política do “deixa quieto” do PT e que querem atitudes mais firmes por parte do governo, são pessoas (me incluo neste grupo) que já não suportavam a servidão irrestrita aos americanos quando do governo tucano, imagine ter de suportar humilhações por parte de governos de países como Bolívia, Equador, Paraguai, ter de ver o governo fazer caridade à eles com nosso dinheiro enquanto milhões no país ainda passam fome. Sobre a questão do Lítio, só um completo ingênuo (ou alguém que recebe algo em troca para apoiar esse tipo de ideia) falaria em investimentos para exploração na Bolívia depois da rasteira que foi nos dada com a nacionalização das refinarias da Petrobrás.

    • Concordo contigo e acrescento que, em comparação com Estados Unidos, Europa e ate mesmo China, a Bolivia é realmente insignificante, assim como a Venezuela, paises atrasados que se deixam governar por idealistas de esquerda, com discursos inflados e atitudes vazias, pois com os recursos (no caso da Venezuela) que possuem, se fossem paises serios seriam mais desenvolvidos que o Brasil, que possui dimensões e problemas em escala continental. E infelizmente, se criou aqui um governo que vai pelo mesmo caminho e se não cortarmos o mal pela raiz nas proximas eleições, teremos o mesmo destino… Enfim a professora esta certa e me solidarizo com ela… Xenofobia maior é a que aqui existe contra o povo americano… deve ser inveja do desenvolvimento e da prosperidade que um povo verdadeiramente civilizado alcança com seu esforço…

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  6. Caro Leandro,

    Acho que há um desentendimento importante em seu comentário em relação à noção de xenofobia que está sendo utilizada aqui. A ação de nacionalização das companhias de gás e petróleo realizada pela Bolívia é uma decisão política que está milhares de quilômetros distante da xenofobia. Além disso, sua menção a pretensa xenofobia de grupos radicais do Paraguai, mesmo que fosse verdade (e acho bem possível que existam xenófobos paraguaios, assim como em qualquer lugar) também não cabe no contexto em que se colocou a discussão em meu post. Estou fazendo uma crítica ao posicionamento de uma PROFESSORA DE DIREITO INTERNACIONAL DA UNIVERSIDADE MAIS PRESTIGIADA DA AMÉRICA LATINA e de como suas colocações são incompatíveis com sua posição.

    A atitude da professora Maristela Basso não “parece” xenofóbica, ela é xenofóbica e foi muito bem respondida por Carlos Novaes, o cientista político que debatia no programa com ela. Se tirarmos da discussão a tremenda ignorância revelada pela dita professora e considerarmos apenas a desqualificação que ela fez dos bolivianos que residem no Brasil, somente isso já seria suficiente para as críticas mais ácidas que ela vem sofrendo nas redes sociais. Sua argumentação está na base da justificação da escravização que bolivianos sofrem, especialmente em São Paulo, cotidianamente, como bem demonstrou Carlos Novaes em seu comentário.

    O que você chama de “política do deixa quieto do PT”, entende-se como respeito à soberania dos outros países e parceiros estratégicos do Brasil. Apenas para exemplificar o que digo, justamente no dia de hoje, o Centro Acadêmico da Faculdade de Relações Internacionais da USP divulgou uma carta pública de repúdio às declarações de Maristela Basso sobre a “insignificância” da Bolívia. Para não mencionar todas as autoridades no assunto que já se pronunciaram abertamente contra a professora. Ou seja, ou acreditamos que todas essas pessoas foram infestadas pela “doença do petismo”, ou elas estão se pronunciando com base em seu conhecimento de Política e Relações Internacionais.

    Algumas palavras de seu comentário reproduzem o mesmo discurso de insignificância que Maristela Basso proferiu contra a Bolívia, porém, ampliando para outros países estratégicos para o Brasil na América do Sul, como o Equador e o Paraguai. Considero ainda mais infeliz sua frase: ” (…) imagine ter de suportar humilhações por parte de governos de países como Bolívia, Equador, Paraguai, ter de ver o governo fazer caridade à eles com nosso dinheiro enquanto milhões no país ainda passam fome”.

    O Brasil não faz caridade em política internacional, caro colega. Todas as relações são baseadas em interesses geopolíticos estratégicos e considerar as ações do atual governo como “caridade” revela uma percepção bastante equivocada da realidade. Impor os projetos do Brasil goela abaixo de outros países é uma política condenável sob todas as perspectivas, para usar a expressão de Basso, especialmente porque já vivemos esse “papel de Bolívia” sob os olhos de inúmeras administrações de governos estadunidenses e europeus.

    Quanto à questão do Lítio, se prefere pensar da maneira como comentou aqui, não posso fazer nada. Dada a importância que este recurso pode ganhar nas próximas décadas, não imagino que o Brasil ficaria alheio à possibilidade de investir na exploração do recurso em questão. Como sabemos, o dinheiro move o mundo e a possibilidade de alta lucratividade na exploração das reservas bolivianas de lítio, não tenho dúvidas, devem atrair uma quantidade grande de pessoas interessadas em tal investimento. Mas enfim, essa é outra discussão.

    Att.

    RB

  7. Leandro Mendes

    Caro Rogério,

    Os exemplos que eu citei são fatos que podem estar por trás de comentários mais fortes, como a da professora, concordo que não se pode julgar um povo pelas ações de um governo temporário, muito menos tentar denegrir os mesmos.
    “Entende-se como respeito à soberania dos outros países e parceiros estratégicos do Brasil” Existiu respeito a soberania brasileira como nos casos da nacionalização das petroleiras na Bolívia em 2006, e na revisão dos contratos de Itaipu? O caso da Bolívia em 2006 foi muito mais grave em relação a xenofobia do que no caso deste comentário, uma vez que funcionários brasileiros da Petrobrás foram subitamente retirados de usinas de exploração por militares armados. O Brasil arcou com os investimentos para construção de gasodutos e para a exploração de gás, e na construção da usina de Itaipu, ambos foram pensados para atender as demandas brasileiras, caso não existisse tal demanda o gás Boliviano não seria utilizado, mesmo caso para a energia de Itaipu. Durante décadas os contratos foram respeitados, até a entrada de governantes populistas. Logo o governo brasileiro nada fez para defender nossa soberania, assim como faz muito pouco para combater as infindáveis quantidades de drogas e armas que adentram ao território brasileiro por meio das fronteiras com a Bolívia e o Paraguai, isso sem contar nos veículos furtados que vão parar nesses países vizinhos. A meu entender essa é a mesma relação de submissão que ocorria (e ainda ocorre por de baixo dos panos) em relação aos Estados Unidos, onde uns fazem o que querem e os outros engolem a seco.
    Sobre o caso do Lítio boliviano, existem ‘n’ recursos naturais em que o Brasil melhor poderia investir seu dinheiro, tanto na extração quanto no agregamento de valor, posso citar de cabeça o Nióbio e hidrocarbonetos em geral, além de o Brasil também ter reservas consideráveis de lítio. Em suma, as razões para a Bolívia ter esta importância estratégica para o Brasil é puramente ideológica.

  8. Não, Leandro, as razões não são puramente ideológicas, são estratégicas, como tentou se demonstrar no post com dois exemplos escolhidos para mostrar o desconhecimento da professora Basso sobre o assunto.

    Os casos que você aponta não são de xenofobia, são de Relações Internacionais, isto é, política internacional. Não se tratou de uma relação Xenófoba do Estado boliviano ou paraguaio contra o Brasil, mas sim de uma política internacional em relação à exploração dos recursos naturais. A discussão, neste caso, é outra e não a que foi encetada neste post, como já havia lhe dito no primeiro comentário. Trata-se de um desentendimento da noção de xenofobia de sua parte. Para não mencionar essa vitimização absurda que você está fazendo em relação ao Brasil. Os contratos vigentes no período em que você mencionou, mais do que pagaram os investimentos que foram realizados pelo Brasil na Bolívia e no Paraguai. Os governos “populistas” a que você se refere (talvez também sem maior conhecimento da noção do termo populismo para caracterizá-los como tal) buscaram uma maneira de reajustar os contratos feito à preço irrisório por governos anteriores que, por uma razão ou por outra (corrupção inclusive) aceitou os termos daquele contrato de exploração dos recursos naturais daquele país. Portanto, é legítimo que procedam da forma como o fizeram, como o governo brasileiro reconheceu à época.

    Poderia ter citado outros exemplos que não os energéticos para demonstrar o desconhecimento e a ignorância da professora em relação a quão estratégica é a relação com a Bolívia para o Brasil.

    Na área da segurança-pública, tão cara à classe média do país, a Bolívia é mais do que estratégica por ser justamente o país de maior fronteira terrestre com o Brasil. Se nosso país deseja de fato controlar armas e drogas que entram através dessa fronteira, para não mencionar a diminuição do número de carros roubados no Brasil e levados para a Bolívia, as relações com esse país vizinho não devem ser pautadas pelo desrespeito, racismo e xenofobia demonstrados no comentário da professora Maristela Basso. Não será considerando a Bolívia “insignificante em todas as perspectivas” que as relações internacionais entre esses países permitirão o estabelecimento de políticas que visem a mitigação dos problemas apontados acima. Seguramente, uma abordagem mais apropriada, é uma ação conjunta entre os governos e, para isso, a relação entre ambos não pode ser assimétrica, como a professora e você está propondo.

    Portanto, uma vez mais, a relação não é puramente ideológica, mas sim estratégica.

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