Racismo no Brasil: negros ganharam 57,4% do salário dos brancos em 2013

Pesquisa de emprego do IBGE revela que negros ganharam, em média, pouco mais da metade dos brancos em 2013.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou nesta última quinta-feira (30) o resultado de sua pesquisa de emprego. Um dos resultados apontados pela pesquisa revela que trabalhadores de cor preta ou parta ganharam, em média, muito menos do que os indivíduos de cor branca no Brasil em 2013.

Segundo os dados da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), do IBGE, um trabalhador negro no Brasil ganha, em média, pouco mais da metade (57,4%) do rendimento recebido pelos trabalhadores de cor branca. Em termos numéricos, estamos falando de uma média salarial de R$ 1.374,79 para os trabalhadores negros, enquanto a média dos trabalhadores brancos ganham R$ 2.396,74.

Embora essa desigualdade tenha diminuído nos últimos dez anos, ela continua bastante alta. Segundo dados retrospectivos do IBGE, desde 2003 os salários pagos a indivíduos de cor preta ou parda aumentaram, em média, 51,4%, enquanto o dos brancos aumentou uma média de 27,8%. Essa diferença observada nos últimos dez anos, fez com que a desigualdade de rendimentos médios recebidos por trabalhadores pretos e pardos em comparação com os mesmos rendimentos recebidos por trabalhadores brancos diminuísse nove pontos percentuais, saindo de 48,4%, em 2003, para os atuais 57,4% (ver pgs. 278-281 da pesquisa). Abaixo, disponibilizo a tabela retrospectiva dos valores médios reais recebidos por trabalhadores segundo a cor ou raça por regiões metropolitanas entre os anos de 2003 a 2013.

Tabela IBGE PME2013_rendimento medio negros e brancos

Tais indicativos são bastante eloquentes e mostram como a sociedade brasileira permanece clivada pelo preconceito e pelo racismo. Não parece exagero pensar que, para que ocorra uma mudança efetiva nessa situação, serão necessários décadas (talvez até um século), até que finalmente negros e brancos se equiparem salarialmente. Seguramente, o acréscimo desses três pontos percentuais na última década está relacionado com a política de transferência de renda e, também, a de valorização do salário mínimo implementada pelo governo Lula/Dilma na última década. Como se sabe, ações que não visam diretamente o aumento dos rendimentos de grupos de indivíduos de uma raça ou cor específica, mas que acabaram por atingir todas as pessoas que vivem com baixos rendimentos (um a três salários mínimos). Sendo os pretos e pardos maioria segundo esse critério, explica-se, em parte, essa pequena redução na desigualdade salarial entre brancos e negros. Contudo eu me pergunto: sem recorrer a ações afirmativas, será possível diminuir ainda mais essa enorme desigualdade em curto espaço de tempo? Quantas décadas mais de continuidade nas políticas de valorização de salário mínimo e transferência de renda seriam necessárias até que os salários de brancos e negros se equiparem? Ainda assim, é possível vislumbrar essa continuidade para as próximas décadas, imaginando as trocas de governo que deverão ocorrer?

AÇÕES AFIRMATIVAS

É justamente aqui que entra a efetividade de ações afirmativas como a instituição de cotas. É bastante provável que na próxima década, a diferença salarial entre brancos e negros será ainda mais reduzida graças a medida do governo Lula/Dilma em adotar o sistema de cotas raciais para o ingresso nas universidades públicas. Com as cotas nas universidades, uma barreira que praticamente impedia pretos e pardos da possibilidade de superar a condição de pobreza foi ultrapassada. Será justamente por conta das cotas que veremos, já nos próximos anos, mais negros ingressando em melhores condições no mercado de trabalho e alcançando maiores rendimentos. Sem a política da ação afirmativa, a barreira do acesso ao ensino superior de qualidade continuaria sendo um entrave, superado apenas por poucos indivíduos, mudando de forma quase irrisória a situação de pretos e pardos, quer no acesso a universidade, quer no aumento dos rendimentos. A questão que se faz agora é: devemos ampliar a política de ações afirmativas para outras áreas, como o acesso a empregos públicos, por exemplo?

Recentemente, um leitor do blog me questionava sobre a questão das cotas, posicionando-se contrário a elas por não acreditar que a sociedade trata de maneira distinta os indivíduos brancos dos pretos ou pardos. Para esse leitor, não há diferença entre um branco do que ele denominou “classe D” e pretos ou pardos pertencentes a essa mesma classe. Para esse leitor, portanto, se houvesse que se implementar o sistema de cotas no país, esse deveria levar em consideração critérios sociais, nunca raciais, pois se assim fizéssemos, estaríamos institucionalizando o racismo.

Ora, vê-se claramente que trata-se da repetição rasteira do discurso veiculado ad nauseam por intelectualóides como Demétrio Magnoli, Ali Kamel et al. Tentei argumentar que para analisar a condição atual dos pretos e pardos do país, não podemos nos furtar de olhar para o passado e entender como a sociedade brasileira se constituiu a partir de seu processo histórico, do qual é impossível deixar de lado a herança do escravismo. Indiquei textos de Sérgio Buarque de Holanda, explicitando o preconceito praticado no Brasil com base na cor, além da fala do Luiz Felipe Alencastro no STF, que esmiuçava a herança colonial na constituição de nossa sociedade, para ver se jogava um pouco de luz sobre essa ideia equivocada do leitor de que não há diferenças entre brancos e negros de mesma extração social no Brasil. Ainda assim, o caro colega preferiu manter suas ideias preconcebidas com base no modo como ele diz perceber a nossa sociedade (e na ideologia que lhe foi inculcada).

Tal como esse leitor, milhões de brasileiros, iludidos por um discurso veiculado incessantemente nos principais meios de comunicação, reforçam a ideologia de que vivemos em uma democracia racial, de que não existe racismo no Brasil e que qualquer tentativa de resolver as desigualdades estruturais verificadas entre negros e brancos com base em ações afirmativas trata-se, na verdade, de racismo. Cruel como todo discurso ideológico, ao desconsiderar os reflexos do escravismo no processo histórico de constituição da sociedade brasileira pós-abolição, na qual o preconceito e o racismo continuaram bastante presentes no quadro mental do brasileiro, pretende-se ocultar a reminiscência do racismo em nossa realidade cotidiana (perceptível até mesmo nos números oficiais produzidos pelo Estado). Cabe a nós, que conhecemos um pouco de história, ouvir criticamente o discurso e desconstruí-lo com base na maneira como se constituiu nossa sociedade através do tempo. Vamos continuar ouvindo esse discurso e seguir jogando para debaixo do tapete o quanto somos racistas no Brasil? Vamos desperdiçar outras oportunidades de arregaçar as mangas e exigir de nossos governantes que resolvam, o mais rápido possível, problemas vergonhosos como esse, no qual um trabalhador negro ganha, em média, pouco mais da metade do que um trabalhador branco? E tudo isso por quê? Só porque preferimos acreditar que não somos racistas? Ficam aqui as perguntas para que cada um reflita por si.

FONTE

28 Comentários

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28 Respostas para “Racismo no Brasil: negros ganharam 57,4% do salário dos brancos em 2013

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  2. fabio nogueira

    Rogério,poderia me explicar quais os mecanismo que usam para está diferença salarial?

    • Olá Fábio,

      Os indicadores divulgados pelo IBGE são colhidos com base nos salários recebidos pelas pessoas que fizeram parte da amostragem da pesquisa. De modo que, através da pesquisa em si, não é possível estabelecer o mecanismo que causa essa diferenciação salarial observada na pesquisa do IBGE.

      Att,

      RB

  3. Guilherme

    Pelo que vejo, a média de salário brasileira ainda é baixa para todos. A matéria encontra defensores dos dois lados, o problema é que as emoções são uma neblina que oculta os fatos dos olhos. Ninguém nega que grupos foram discriminados no passado. Veja-se o que ocorreu com os judeus, nos campos de concentração. Nem por isso, hoje, eles têm o direito de criar campos de concentração para alemães, para “pagar na mesma moeda”. Isso é ressentimento, e nada justifica um mal contra um mal. Políticas afirmativas são uma forma errada de solução do problema. Acredito até que seja justificado o governo investir em escolas de qualidade em bairros ou regiões onde exista mais pobreza e concentração de pessoas negras, mas criar discriminação “justa”, isso não existe.

    • fabio nogueira

      Guilherme,qualquer pessoa que é a favor das cotas e a favor da educação de qualidade . Assim como vc,estamos pressionando os nossos governantes a fazer isto.Porém como vc deve saber que e educação que todos nós desejamos não melhorará da noite para o dia. Numa visão otimistas isto levaria de 30 a 50 anos para vermos essa mudança.

      Se fosse assim,o meu sobrinho nunca entraria na universidade pelo sistema de cotas.

      Hoje a questão do mérito está sendo posto em prova. Os alunos que entraram pela cota tem o desempenho igual aquele que não optou. O que estou dizendo com está afirmação? A escola publica tem salvação.

  4. Pedro

    Tem que levar em consideração o grau de escolaridade, ou seja, eu seria racista se tivesse dois funcionários um branco e um negro, o branco ganhando mais pq tem pós graduação em adm e o negro ganhando menos pq tem somente curso técnico em adm? Isso nao ta bem explicado.

  5. Pedro

    Cotas raciais sempre serão injustas, eu sou concursado e no concurso que eu entrei que muitos conhecidos brancos e pobres (e me refiro a pobre favelado mesmo, nao ”pobre classe média”) perderam a vaga mesmo estando em classificação melhor e tendo estudado mais para negros bem de vida, inclusive que estudaram em escolas particulares e até filha de oficial que ganha mais de 10 mil por mês. Onde esta a justiça nisso? Não importa a desculpa que deem para cotas raciais, privilegiar alguém única e exclusivamente pelo sua cor sempre será injusto. As cotas deveriam ajudar os menos privilegiados, ou seja, os pobres que são quem realmente precisa, tanto negros, como índios, pardos, italianos, aqueles que tiveram menos oportunidades na vida, isso sim seria combater a desigualdade. Cotas raciais são injustas.

    • fabio nogueira

      É porque,Pedro o tratamento e´muito,muito desigual,mesmo se o pobre for branco. E porque ele será discriminado? Por ser pobre,até mesmo se for morador de favela. Como sabemos ser morador de favela não que dizer ou estar incluído naqueles perfis que geralmente atribui aos favelados. O importante para o empregador que esse branco,pobre e morador de favela tem o perfil que a empresa pede.

      Por outro lado o negro será discriminado por ser negro,pobre e favelado. Pode não ter aqueles estereótipos que fazem dos moradores de favelas,mas somente não ter o perfil que a empresa e o empregador não busca não serve,e se servir mesmo exercendo a mesma atividade receberá o salário médio bem menor que o seu (homem branco ) e de uma mulher(branca).

      Não se esqueça que o Estado nunca teve o trabalho que fazer políticas públicas para inserir o negro na sociedade antes mesmo da abolição. Joaquim Nabuco,já mencionava esse fato no século XIX . Enquanto não houvesse mecanismo de inclusão dos ex-escravo de nada adiantaria abolição. Seria uma carta sem valor .

      Pelo contrário,em vez de aproveitar a experiência desse ex-escravo com a terra e logo fazer a reforma agrária,chamou os imigrantes. Nada contra,afinal a Europa passava também por uma crise,mas o tratamento que o Estado brasileiro foi muito desigual.

      Os imigrantes tiveram incentivo na compra das terras,sementes,moradia e educação.
      As décadas de 10 e 20 os negros não podiam sequer entrar em escola públicas alegando que esses eram portadores de doenças contagiosas. Carteira de identidade passamos adquiri-las na décadas de 30. Isso mesmo,não tínhamos o direito a existência,por isso há aquela pergunta no Brasil: _ Quem é negro neste país?”

      Pedro,o que vc diz ser um tratamento universalistas num país tão desigual seria injustiça. Querer o tratar o desigual com igualdade sem nenhum mecanismo de inclusão e não querer saber conviver com os diferentes.

      Digo que independente quem é a favor ou não das cotas ela trouxe benefícios: é falarmos sobre racismo e desigualdade .

      Pense nisso.

      • Elaine

        Querido Fabio, amei seu texto e a resposta dada ao Pedro foi bem esclarecedora sobre a questão das cotas e sua importância , na verdade basta um pouquinho de conhecimento histórico para enxergar a forma desumana em que os negros foram tratados no Brasil, e a necessidade de ações afirmativas de inclusão para diminuir esse disparate. Porem um trecho me deixou bem incomodada e gostaria de compartilhar minha visão sobre o assunto, você diz nele.

        ” Pelo contrário,em vez de aproveitar a experiência desse ex-escravo com a terra e logo fazer a reforma agrária,chamou os imigrantes. Nada contra,afinal a Europa passava também por uma crise,mas o tratamento que o Estado brasileiro foi muito desigual.”
        Quanto a questão da imigração estrangeira, mesmo reconhecendo a situação em que a Europa se encontrava, eu sou totalmente contra, pois fez parte de uma política de branqueamento imposta pelo Governo brasileiro, por isso a eles foram dados terras e condições e aos negros nada, levando em conta o motivo da aceitação dado isso a diferenciação no tratamento, a ideologia do branqueamento criou raízes profundas na sociedade brasileira, muitos negros assimilaram os preconceitos, os valores sociais e morais dos brancos. Por isso, “desenvolveram um terrível preconceito em relação às raízes da negritude”. A recusa da herança africana e o isolamento do convívio social com outros negros eram características desses negros “branqueados socialmente”. Para se tornarem “brasileiros”, os negros tinham que abdicar de sua ancestralidade africana e assumir os valores “positivos” dos brancos, pois o próprio “abrasileiramento” passava por uma assimilação dos valores e modos dos brancos. Foi perverso aceitar os imigrantes, para impor este tipo de ideologia, sei que eles não tem culpa, mas vemos o resultado desta política infame se estendendo por séculos!

      • fabio nogueira

        Muito obrigado,Elaine! Foi uma falha minha . Concordo em grau gênero e número.

  6. Rogério,
    Criamos um blog, todos com mais de 70 anos, médicos, parte dos que fizeram um Manifesto de apoio ao programa Mais Médicos (para não transitar em julgado o pensamento único de que todos os médicos brasileiros são contra o programa). Semana passada tivemos um belo encontro com 4 cubanos do programa. Gravamos tudo. Estamos agora passando para texto. Eu estou fazendo um artigo sobre a miséria (Cuba ou USA?) e vi o artigo aqui no teu blog. Vou transcrever no nosso, citando a fonte é claro, e se não houver problema. Retorna para o meu email, por favor. A propósito, escrevi dois artigos sobre a escravidão no nosso blog. Para acessá-lo: http://www.imagempolitica.com.br
    Mareu
    PS: se autorizares vou colocar o teu blog com um dos nossos recomendados.

    • Caro Mareu,

      Muito obrigado pelo contato e fico muito feliz de que meus textos tenham interessado e possam ser utilizados no blog de vocês. Podem utilizar meus textos à vontade. Vou entrar no blog de vocês e ler os textos que também buscarei reproduzir por aqui.

      Grande abraço,

      Rogério

  7. Muito engraçado, Rogério. Você como historiador sabe muito bem que alguns senhores escravagistas eram NEGROS! Também não pode esquecer que a escravidão no Brasil foi uma extensão da escravidão do negro pelo negro na África. Você não acha que deveria ter mostrado essas exceções à Elaine? Sua resposta educada a ela me pareceu reforçar certos mitos! Historiador não pode ser tendencioso! Por outro lado, acho que não preciso lembrar você que, apesar do que alguns ideólogos afirmam em “livros conceituados”, o negro brasileiro sempre teve um lugar de destaque na História, cultura e economia brasileira. Nossos maiores romancistas (de quem as academias sempre falam) eram da etnia negra: Machado de Assis, Lima Barreto; o primeiro presidente do BANCO DO BRASIL foi um negro, os famosos IRMÃOS REBOUÇAS eram negros, Zumbi dos Palmares sempre foi um herói, digno de extensas biografias na época do Regime Militar (até a Ed.Abril lançou um fascículo famoso sobre ele, como também sobre José do Patrocínio em plenos Anos de Chumbo); Pelé sempre foi a maior estrela do Brasil aqui e no exterior; Sergio Buarque de Holanda é o nosso mais importante historiador. Aliás, nesse sentido, falar em cotas e inclusão, criando um racismo inexistente entre boa parte dos brasileiros (cujos dados oficiais constituem-se na maior parte da população de nosso país) é descaracterizar a capacidade e desprezar a existência desses que citei e muitos outros que representam bem a etnia negra do país. Negro não é coitadinho como essa política demagógica faz crer e não precisa de esmolas nem de inclusão como se fosse um incapaz!

    • Caro João,

      Já escrevi tanto sobre isso nesse blog, que qualquer resposta que eu lhe der sobre o assunto, será uma repetição tediosa [ao menos para mim].

      Quanto a Sérgio Buarque de Holanda, sugiro que leia o post As leis e o preconceito… (https://umhistoriador.wordpress.com/2013/02/17/a-lei-e-o-preconceito/), no qual faço uma reflexão sobre um texto de SBH e as cotas raciais.

      Sobre o tema COTAS RACIAIS, segue link com praticamente todos os posts em que abordo o assunto: https://umhistoriador.wordpress.com/?s=cotas+raciais. Tantas recomendações dentre esses posts, gostaria de destacar a entrevista com o antropólogo da USP Kabengele Munanga (https://umhistoriador.wordpress.com/2013/11/10/revista-forum-entrevista-antropologo-kabengele-munanga-usp/), o post que traz a análise de um sociólogo da UERF sobre o racismo no Brasil (https://umhistoriador.wordpress.com/2014/02/16/geledes-sociologo-do-iesp-uerj-analisa-o-racismo-no-brasil/) e o post sobre o Haitianismo revisitado de Demétrio Magnoli (https://umhistoriador.wordpress.com/2012/05/03/demetrio-magnoli-e-o-haitianismo-revisitado-a-tatica-do-terror-contra-as-cotas/). Esses textos, certamente, discutem e trazem claramente meu posicionamento sobre o assunto.

      Att.

      RB

      • fabio nogueira

        Olá João!

        Sobre o assunto sobre a escravidão,realmente senhores mantiveram outros negros como escravos. A historia da escravidão é longa. Na Europa,havia o serviçal muito diferente do escravismo que conhecemos. Bem antes nas terras do faraós do Egito,houve escravidão da parte dos egípcios sobre o povo judeu e ate entre os indígenas houve escravidão . Há diferenças nesses tipos de escravidão praticados antes com o negros? Sim. A questão em jogo foi que a partir do século XV a Igreja Católica instituiu a chamada guerra justa ou seja a prática da escravidão sob olhar racial e religioso.

        Como a África era o chamado “novo” mundo,tudo por lá era cercado de superstição. Os africanos eram visto como selvagem ,sem sentimento e sem Deus no coração. Como domestica-los? Escravizando-o . Bem diferente de outras formas de escravidão aonde o conceito racial não era levado em questão. A partir do século XV, o chamado tráfico negreiros ganhou força,o negro passou a ser chamado de “coisA”

        Você então me pergunta:_”o negro entregou o próprio negro para escravidão “Mas pergunto:quem introduziu a compra e venda de escravo negros? Quem disse que os negros eram seres não civilizados ? O negro não entregou o negro como escravo a toa.

        O homem civilizado chamado europeu foi o maior culpado sobre a escravidão negra no mundo. O negro não foi o único responsável por essa tragédia. A muitos culpados é o maior deles foi o homem branco-europeu.

        Hoje o que vc chama,João de esmolas e coitadismos chama-se hoje de justiça e reparações. O Estado da Alemanha indenizou as vitimas da segunda guerra mundial. Podemos chamar essas vitimas da segunda guerra mundial de coitadinhos? E indenização do Estado alemão de esmola ?

        Não culpo vc por pensar assim. Foi o senso comum que nos leva a pensar dessa maneira.

        Hoje os negros estão lutando por melhores condições de igualdade é isto incomoda muitas pessoas que não querem ver o fim do ciclo da pobreza.Querem a perpetuação desse ciclo. Qualquer tentativa de avanço será uma ameaça.

        Vou fechar com a frase de Joaquim Nabuco “Não basta acabar com a escravidão. É preciso destruir sua obra.”

        O maior perigo hoje e a escravidão que corroí as nossas mentes . O senso comum trava a mente.

      • Pois é, Fábio. Eu já escrevi sobre isso aqui, mas essa argumentação vive retornando e retornando a cada período que chega a me dar preguiça de reescrever o que já foi dito e redito em vários posts.

        Antes de mais nada, cabe sempre lembrar que o fato de existirem mercadores de escravos negro não justifica absolutamente nada na discussão que está em pauta, isto é, os reflexos de mais de três séculos de escravidão na sociedade contemporânea e as formas de diminuir os efeitos sociais decorrentes dela nos descendentes dos escravos.

        1) A prática do escravismo existiu em diferentes civilizações, em diferentes tempos e de forma bastante distintas.

        2) Na África, como em outros lugares, a escravização decorria das guerras tribais. Prisioneiros de guerra eram feitos escravos dos vencedores.

        3) A escravidão moderna é decorrente do mercantilismo, especialmente após a descoberta da América. A produção em larga escala de produtos destinados ao comércio internacional controlado por nações como Portugal, Espanha, França, Inglaterra e Holanda, acabou transformando o próprio escravo em um dos produtos desse mercado.

        4) A transformação da prática secular de escravizar os inimigos derrotados em guerras para escravos destinados ao trabalho forçado na América é decorrente, portanto, da lógica mercantilista introduzida pelos europeus. Eles criaram e controlavam o mercado que demandava incessantemente a mão-de-obra explorada nas lavouras e minas da América.

        Portanto, a argumentação repetida de modo impensado pelo João na tentativa de justificar cruelmente a falta de iniciativas políticas que busquem minimizar hoje os efeitos nefastos da prática da escravidão sobre os descendentes de escravos é totalmente inválida. Toda vez que me deparo com esse tipo de argumentação pobre e ideologizante, fico bastante entristecido, pois percebo uma crueldade tremenda nessa estratégia bizarra de tentar culpar a vítima pelos males que lhes afligem. Lamentável.

        Abraço,

        RB

  8. Pingback: O racismo microcósmico e a negação patológica de um dos países mais preconceituosos do mundo | Glossolalia - Cinema e Música

  9. JAMILE

    SEM QUERER AS VEZES SOMOS RACISTAS PELO NOSSO MODO DE AGIR,MAS DEVEMOS FAZER O POSSIVEL PARA QUE ISSO NAO ACONTEÇA

  10. JAMILE

    SABIA QUE NEGROS TAMBEM SAO RACISTAS??

  11. Pingback: Cus e currículos | Maturitatis

  12. Pingback: Cus e currículos | avanbordeaux

  13. Pingback: 5 Negros que Mudaram a História dos Games: Mark Dean - Papo Geek

  14. DEATH ADDER

    teu idiota. você é historiador e não estatístico ou matemático. negros são maioria no brasil. o que você falou não tem sentido.

  15. Marco Henrique

    Sim! Mas o que te da o direito de chamar alguém de idiota por cometer um erro? Por exemplo vc acabou de cometer um escrevendo teu ao invés de seu. Isso por acaso te faz um idiota também? Você deveria ter mais respeito e cuidado com o que fala!
    Tenho só 16 anos e já estou pensando em consequencias melhor do que vc. seja la que idade vc tenha.

  16. Deu para aprender alguma coisa. Site muito bom

  17. Muito obrigado pela ajuda

  18. Pingback: Negros sofrem discriminação no mercado de trabalho? - Terraço Econômico

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